A Recusa do Trabalho

Alguns [livros] como O Direito à Preguiça, de Paul Lafargue, e a A Abolição do Trabalho, de Bob Black, são curtinhos e algo panfletários, mas não deixaria de recomendar a leitura. Trabalhos de Merda, de David Graeber, é volumoso, mas bastante repetitivo.

Mas se tivesse que sugerir apenas um livro, sem pestanejar por um milésimo de segundo, seria The Refusal of Work: The Theory and Practice of Resistance to Work (em espanhol, El rechazo del trabajo: Teoría y práctica de la resistencia al trabajo; em francés, Le refus du travail: Théorie et pratique de la résistance au travail; em português... ainda esperando que uma editora o publique), de David Frayne, professor e pesquisador (suas investigações se concentram principalmente na cultura do consumo, na sociologia da felicidade, na educação alternativa e nas perspectivas radicais sobre o trabalho) da Universidade de Cardiff, País de Gales. Que livro bem organizado, coerente e embasado! Ele fez uma extensa pesquisa para essa obra, então vocês verão citações e o exame de argumentos de outros livros também, inclusive esses que mencionei do Bob Black, David Graeber e Lafargue. Faz tempo não lia um livro tão bem escrito. Mais do que recomendar, eu até imploraria para os que entendem alguns dos idiomas em que foi publicado, que o lessem. Verdadeiramente indispensável!

Trechos:

"O trabalhador a tempo completo experimenta o tempo como uma rápida série de pequenas bolsas de tempo discretas: um ciclo em constante rotação de períodos de trabalho e períodos livre, em que o tempo livre se restringe a noites, fins de semana e férias. Os fragmentos de tempo oferecem um espaço limitado para absorver-se em atividades autodefinidas mais substanciais, atividades que exigiriam um investimento constante de tempo e energia em forma de concentração, dedicação, construção de comunidades, ou aprendizagem de novas destrezas. A vítima extrema de esta situação é o arquétipo trabalhador apressado de hoje, que regressa a casa já de noite, se sente cansado para relacionar-se emocionalmente com a família, e não está inclinado a fazer muito além de beber vinho ou ver TV antes de deitar. O trabalhador foi privado do tempo e da energia necessários para escolher algo diferente."

"Em vez de abordar as doenças modernas como patologias pessoais que devem tratar-se profissionalmente e curar-se com medicamentos, deveríamos reconhecer que as tensões da sociedade centrada no trabalho criaram situações nas quais poderia, de fato, ser uma loucura estar são." -- David Frayne



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