"A pátria, a honra, a liberdade, nada existe: o universo gira em torno de um par de nádegas" -- Jean-Paul Sartre
"Quando falamos das nádegas, falamos de nós mesmos", defende documentário A face oculta das nádegas, de Caroline Ponchom e Allan Rothschild (que também publicaram livros sobre o culto aos seios, mãos e pés - veja), e propõe uma viagem multidisciplinar pelas diferentes representações do traseiro na história da humanidade, emprestando conceitos de história da arte, psicanálise, sociologia e semiótica.
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Calipígia
Do grego antigo καλλι (belo, de boa aparência) e πύγιον (nádegas); aquela que tem belas nádegas, perfeitas.
Afrodite / Vênus calipígia |
"A procura pelo modelo calipígio é constante entre as nossas mulheres, a ponto de um fabricante de jeans ter dito, certa vez, que o Brasil é o único país no mundo em que as mulheres se vestem olhando-se de costas para o espelho."
A face da alma...
Para os gregos, as nádegas eram uma parte bela da anatomia, em parte devido à sua agradável curvatura, mas também por seu contraste com o traseiro dos outros macacos e chimpanzés. Os dois hemisférios humanos eram tão diferentes dos dois pedaços de carne dura (as calosidades dos ísquios) dos outros macaco, que os gregos consideravam as nádegas um sinal da suprema condição humana. Segundo os gregos, a curvilínea deusa do amor, Afrodite Calipígia — literalmente, "que tem belas nádegas" —, tinha nas nádegas a parte esteticamente mais agradável de toda a sua anatomia. Eram tão veneradas que um templo foi erguido em sua honra.
Autores mais recentes têm declarado, de maneira um tanto ambígua, que "a bunda é a face da alma do sexo", que oferece "um amortecedor de delícias". O cineasta italiano Federico Fellini comentou, também de forma equívoca, que "a mulher bunduda é um épico molecular de feminilidade" — uma frase que parece ter perdido algo na tradução. O artista espanhol Salvador Dali foi mais longe ao insistir que "é através da bunda que os maiores mistérios da vida podem ser entendidos". Desmond Morris - Trechos de A Mulher Nua
Et vera incessu patuit dea
"Virgílio compreendeu que Vênus ocultasse aos olhos do filho, na selva líbica, a beleza imortal de seus olhos, de seu sorriso, de suas formas sedutoras; mas não aquilo que era sua essência divina, sua graça olímpica. Foi pelo andar que ela revelou-se Deusa." -- José de Alencar - A Pata da Gazela
"A Vênus Calipígia tinha nádegas perfeitas, que Zeus lhe proporcionara em troca de alguns prazeres ilícitos. A procura pelo modelo calipígio é constante entre as nossas mulheres, a ponto de um fabricante de jeans ter dito, certa vez, que o Brasil é o único país no mundo em que as mulheres se vestem olhando-se de costas para o espelho. Por isso a sua marca de jeans procurava modelar as nádegas e era um sucesso no mercado feminino.
Nas academias, a ginástica voltada para os glúteos é predominante e as mulheres lhe dedicam a maior parte do tempo dos exercícios.
Um paradoxo, no entanto, ameaça o corpo feminino idealizado quando os médicos dizem pelos jornais que as brasileiras estão, em média, acima do peso indicado tanto pela medicina quanto pela estética. Suas nádegas abundantes estão a ganhar volumes que ultrapassam o modelo de Vênus Calipígia. A deusa grega foi substituída por uma mulher chamada Melancia." -- Celso Japiassu
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E ainda (em espanhol):
"Essa região onde as costas perdem seu santo nome foram transformando-se em obsessão cada vez maior entre homens e mulheres, a ponto de superar os seios em magnetismo e consideração."
La eterna guerra de las colas
Biquíni
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