Em artigo no jornal espanhol El País, o correspondente Juan Arias se pergunta, perplexo, por que os brasileiros são tão "pacíficos" diante da situação do país: "Por que nesse país, onde a impunidade dos políticos corruptos fez crescer a ideia de que 'todos são uns ladrões' e que 'ninguém vai pra cadeia', não existe o fenômeno, hoje em voga no mundo todo, do movimento dos indignados?". "É que não lhes importa que os políticos que os representam, no Governo, no Congresso, nos estados ou municípios, sejam descarados sabotadores do dinheiro público?" Arias observou ainda que dentre as poucas "causas" capazes de levar até dois milhões de pessoas às ruas estão a "Parada Gay" e a "Marcha para Jesus", organizada pelas igrejas evangélicas.
Deixo um texto de Vargas Villas, disponibilizado em português pelo escritor Ezio Flavio Bazzo:
"É mais culpado o povo que sofre a tirania do que o homem que a exerce; é mais vil a debilidade do povo do que a audácia do tirano. Um tirano não merece exercer a tirania senão sobre aquele povo que é capaz de suportá-la; a abdicação de Todos, não é mais criminosa que a usurpação de Um? O mais revoltante numa ditadura não é a insolência com que se exerce, senão a paciência com que se sofre; não é a audácia de Calígula o que indigna, mas a demora de Guereas o que entristece... Há mais quantidade de crimes em sofrer a ditadura do que em exercê-la. Toda servidão é voluntária; não é a grandeza dos tiranos o que faz a sua força, mas a pequenez dos povos que domina; sua valentia advém da covardia dos outros, como o pus que sai de uma ferida... Todo despotismo é demasiadamente benigno para a infâmia do povo que o suporta... Sofrer a tirania é a forma mais vil de merecê-la."
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